Category Archives: Catapulta Académica

Conferência Diversidade Digital

Assista à Conferência em directo, hoje, das 09h às 18h30, com a apresentação dos resultados finais do Projecto Inclusão e Participação Digital.

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Gramática de uma imagem

Uma reflexão sem palavras que se refere às sensações de cada um quando se lê uma imagem.

A proporção, o número de ouro, as linhas que guiaram inconscientemente a fotógrafa e infuenciam o espectador.

A perspectiva, o ponto de fuga.

A curiosidade pelo que fica fora do plano:

O que é que o gato vê, o que está fora da divisão, o que é que as raparigas de azul vêem, o que está escrito naquele cartaz, quem assiste ao espetáculo, onde está o mar?

Fotografias de Joana Sousa.

Montagem e interpretação de Joana Tadeu.

Um trabalho para Géneros Televisivos na FCSH-UNL.

Como é que a minha família vê televisão?

Um vídeo para reflectir sobre os hábitos televisivos lá de casa.

O que é que a televisão representa na tua família?

O que é mais importante na televisão para ti? A oralidade? A música? A imagem?

Quando vês televisão, exercitas a concentração ou estás distraído?

Quantos ecrans utilizas ao mesmo tempo?

As Relações Públicas e a Web

As Relações Públicas, tal como todo o debate intelectual contemporâneo, vivem abismadas pela omnipresença das novas tecnologias, ou não fossem resultado de trabalho quase instantâneo e desenvolvido sob pressão, não podendo deixar de usufruir das frutuosas ferramentas disponibilizadas pela Internet. Renascidos da Era da Informação, vivemos agora na Era da Atenção, tempo em que os indivíduos deixam de ser meros receptores de informação fabricada pelos media de massa e passam a poder, para além de consumir, criar e partilhar mais informação, mais depressa e com mais liberdade. As Relações Públicas têm de se adaptar aos novos media: as redes sociais.

Como explica Richard Bailey, autor do post “Brands, Relationships and Social Capital”, há actualmente um enorme fosso entre a postura típica do mercado – de esperar lucros imediatos de qualquer campanha de marketing, publicidade ou relações públicas – e a necessidade efectiva de apostar nos “social media”[1] afim de produzir capital social – investimentos a longo prazo. É apontado no post que apesar de haver cada vez mais “marcas”[2] nos “social media”, a atitude com que neles se inserem não será de investimento mas sim de experiência e se, como facilmente se prevê, os resultados não forem imediatos, temem os críticos que se desista demasiado depressa desta potencial ferramenta de trabalho. Se as Relações Públicas assentam na construção de uma relação de confiança com os seus públicos (ie stakeholders), os “social media” apresentam-se como um ponto estratégico de extrema importância para concretizar os objectivos de uma campanha, visto que através do diálogo e da interacção entre as duas partes, é mais fácil criar alicerces “construídos sobre uma troca mútua de valores ao longo do tempo”[3]. Tais suportes tornam mais fácil alcançar o público-alvo da campanha tendo capacidades para abranger o mesmo número de pessoas ou até um número superior do que os media industriais[4], sendo que apresentam ainda vantagens no que toca à acessibilidade (estão sempre disponíveis, a qualquer hora, em qualquer lugar), à liberdade de produção (são baratos ou gratuitos), à novidade (é possível actualizar a informação quase instantaneamente) e à permanência (ao contrário do que acontece ao que é publicado num jornal ou transmitido numa rádio ou televisão, o que está na Web não é finito: é possível alterar, responder e comentar a informação disponível em qualquer altura). Ora, esta evolução torna a velocidade de legitimação ou destruição de uma marca, empresa, organização, pessoa ou ideia muito mais rápida.

Esta possibilidade de diálogo e respectivas vantagens trazidas pelos “social media” elevam ao expoente máximo os princípios de que Richard Bailey fala no post “The Currency of the Web is Attention and Reputation”: os de uma “sociedade livre suportada pela liberdade de expressão, liberdade de imprensa e eleições ‘livres e justas’”[5]. Enquanto que a relação existente actualmente entre as Relações Púbicas e os media – “dar informação gratuita esperando cobertura mediática grátis em troca”[6] – é não raras vezes criticada por ser camuflada aos olhos do público, a relação baseada nos princípios referidos é intensamente aplaudida. Os “social media” tornam-na numa realidade fortemente elogiada pelo autor e outros teóricos das Relações Públicas, sendo que consideram justos e úteis os métodos de avaliação do sucesso de uma campanha, o tal “termo de pagamento”[7] da Web – a Atenção e a Reputação. Ora, se a legitimação de uma marca, empresa, organização, pessoa ou ideia depende do número de visitas ou do tráfico de um site (que medem a Atenção) e do número de links que para ele apontam (que medem a Reputação), considero este sistema de aumento de autoridade extremamente falível por ser tão facilmente manipulável. Fazendo apenas uma transição, muda-se de uma estratégia disfarçada (a tal troca de informação entre as Relações Públicas e os media de massa) para outra igualmente reprovável.

Assim, apesar de concordar com o autor do blog ‘PR Studies’ quando fala no investimento a longo prazo nestas redes sociais, parece-me que a abordagem deve ser cautelosa por duas principais razões: primeiro, porque no que toca à linguagem Web 2.0[8], somos completos analfabetos, a retórica é completamente diferente (juntar em harmonia imagem, vídeo, som e escrita não é, de todo, o meio em que nos sentimos à vontade, tratando-se de um trabalho que precisa de ser aperfeiçoado); segundo, porque o mundo dos blogs, das redes sociais, da partilha de ficheiros multimédia e das mensagens instantâneas ainda não tem regras definidas. Tendo havido um tão significativo aumento da liberdade, é preciso reflectir sobre a responsabilidade que a acompanha, ou entramos por completo no universo descrito pelo crítico Andrew Keen: “Nesta anarquia, tornou-se de repente claro que o que governava os infinitos macacos que agora inserem informação na Internet é o Darwinismo digital, a sobrevivência do mais barulhento e mais teimoso. Com estas regras, a única maneira de prevalecer intelectualmente é sendo um incansável flibusteiro”[9]. Tendo os prós e os contras conscientemente delineados, julgo que é necessário perseguir o progresso e agarrar a oportunidade de estabelecer novas regras e objectivos mais ambiciosos e, assim, a solução para o crescimento das Relações Públicas será o título de outro post deste blog: “Construir uma rede, não uma empresa”[10].


[1] Media criados para se dissolverem no processo de interacção social típica do Homem, através da Internet e outras tecnologias de rede que transformam os monólogos dos media em diálogos com o público, transformando os antigos consumidores em produtores de conteúdos. Para as Relações Públicas significa que é possível falar COM os stakeholders em vez de falar PARA os stakeholders.
[2] Tradução de “brands”.
[3] Tradução de “built on a mutual exchange of value over time”.
[4] Media industriais: os de massa (jornais, televisão, rádio).
[5] Tradução de: “a free society underpinned by free speech, press freedom and ‘free and fair’ elections”.
[6] Tradução de: “giving away free content in the hope of receiving free media coverage”.
[7] Tradução de: “currency”
[8] Segunda geração de comunidades e serviços on-line, caracterizada pelo ambiente de interacção que hoje engloba inúmeras linguagens e motivações, tendo como prerrogativa a “Web como plataforma”, não se referindo à actualização de especificações técnicas, mas a uma mudança na forma como é encarada pelos usuários.
[9] Tradução de: “Out of this anarchy, it suddenly became clear that what war governing the infinite monkey now inputting away on the Internet was the law of digital Darwinism, the survival of the loudest and most opinionated. Under these rules, the only way to intellectually prevail is by infinite filibustering”.
[10] Tradução de: “Build a network, not a company”.

The Landlady by Roald Dahl

Roald Dahl (Llandaff, South Glamorgon, Wales, 1916 – London, 1990) was an English writer whose exquisite humour for children stories is transformed into a ghastly irony in romances for adults. “The Landlady” is a short story first published in 1959, in “The New Yorker” magazine. In 1960, it appeared in “Kiss Kiss”, a book with a collection of thriller short stories by Roald Dahl.

 A great example of the old street war between the naïve and the wicked, this story about a 17-year-old boy named Billy Weaver, to whom all kind of “queer things” happen, brings us to a place of mystery, since nothing is directly stated, like in all of  Dahl’s stories.

So, this young man arrives in Bath for business and looks for a place to spend the night. He is recommended to the Bell and Dragon, a pub, but while headed there, he comes across a window with a BED AND BREAKFAST sign. And the mystery begins: somehow, he is completely hypnotized by it and however reluctant, he is “hold”, “compelled”, “forced” to ring the bell. The door opens so fast that we, readers, become immediately suspicious. Now Roald Dahl introduces us to the landlady, this middle-aged woman who is “terribly nice” to Billy. She is so generous that she gives him a whole floor of his own to stay on for much less money than he would be willing to pay. As it was not enough, she constantly repeats she was waiting and had everything ready for him.

As we wander between tantalizing details sow by the author, spookiness is the law: though apparently Billy doesn’t notice, the landlady macabre intentions appear quite evident to the reader. Each one of them has the most defined personality, spiced with little details, like the way they move or the way they talk, especially by the use of some unique expressions. The landlady is always lovely. I would say, even so much, since from the beginning she constantly calls Billy “dear” and mistakes his name for others.

The really odd part is when Billy goes to sign the guest-book – at her request – and notices hat only two other men had ever signed that book. But that’s not all: they had signed more than two years before his visit. Even stranger is that he remembers the names from the headlines of the newspapers and when he asks about them, after a short conversation, the landlady declares that there hadn’t been any more guests since then and that they never left the inn. However, she talks about them longingly in the past tense.

Creepy, is when Billy notices that both of her pets – the dachshund and the parrot – are dead and stuffed. She tells him, “I stuff all my pets myself” and offers him more tea. Billy, who keeps on trusting the women, proposing motives for her strange behaviour and finding her extremely sweet even though she smells like a hospital, refuses the tea, because it “tasted faintly of bitter almonds”.

Now, in every thriller the taste of bitter almonds is associated to potassium cyanide, a powerful poison and obviously, since she stuffs her dead pets, the smell that emanated from her reminds the reader of formaldehyde, which is often used in the preservation of bodies. Well, the author, master of this kind of stories, gives us the clues we need to connect the dots and draw a delicate horrifying outcome.

Part of the author style is to end the story in its climax, leaving only hints about the development of the narrative. Although, I do not believe it’s a question of allowing the reader to decide what happens to the characters. As I see it, this short story is so well written that it doesn’t need an end. All the mysterious questions are answered by the little subtleties the author puts there. If you ask me, she kills, he dies and the landlady and her stuffed pets live happily ever after. Sheer genius.