EUA castigam Paquistão por condenar alegado informador da CIA

A emenda, proposta pelo senador republicano Lindsey Graham, foi aprovada por unanimidade e reduz, em 33 milhões de dólares (26 milhões de euros), o apoio a Islamabad. A agência France Press informa que o valor escolhido pelo Senado norte-americano simboliza o número de anos de prisão a que foi condenado o médico paquistanês.

“Precisamos do Paquistão, o Paquistão precisa de nós, mas nós não precisamos do Paquistão a jogar jogo duplo e sem ver justiça no fim de Osama bin Laden”, disse o senador republicano Lindsey Graham.

Shakil Afridi, de 50 anos, foi condenado a 30 anos de prisão pelo sistema de justiça tribal do distrito paquistanês de Khyber, em primeira instância. Além da pena de prisão, o médico ficou obrigado ao pagamento de uma multa no valor de 3500 dólares (2783 euros) que, se não pagar, lhe aumenta a pena de prisão em mais três anos.

Foi acusado de traição por alegadamente ter fingido a realização de um programa de vacinação contra a Hepatite B junto dos filhos de Osama bin Laden, ex-líder da Al Qaeda, no complexo onde todos moravam em Abbottabad, a fim de recolher amostras de ADN para entregar à CIA. É considerado, pelo tribunal tribal, um espião, ainda que não esteja claro se o médico sabia que estava encarregue de uma missão para a CIA na altura dos acontecimentos.

“Shakil não sabia realmente que estava à procura de Bin Laden”, disse Shaukat Qadir, um ex-militar paquistanês que investigou o ataque a Abbottabad e tem estado a par dos detalhes do interrogatório a Afridi, segundo noticia a BBC. “Mas ele deveria ter notificado as autoridades paquistanesas das suas atividades”, acrescenta.

“No caso do Dr. Afridi o que está em causa é se agiu em conformidade com as leis paquistanesas e pelo que é decidido pelos tribunais paquistaneses, e os países precisam de respeitar os processos legais uns dos outros”, disse aos jornalistas Moazzam Khan, a porta-voz do ministério paquistanês das Relações Exteriores.

O Paquistão insistiu, em comunicado às agências, que qualquer outro país teria feito o mesmo se descobrisse que um seu cidadão estava a trabalhar como espião para uma nação estrangeira. Afridi não esteve presente no seu próprio julgamento e não pôde, por isso, dar a sua versão dos acontecimentos. Está confinado a uma cela na prisão de Peshawar.

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A captura do líder da Al Qaeda

Bin Laden foi morto por uma unidade de elite das Forças Armadas norte-americanas a 1 de maio de 2011, no complexo em que vivia em Abbottabad, no Paquistão. O acontecimento abriu uma frente de conflito entre os EUA e o Paquistão, que viu esta ação como uma violação da sua soberania, fragilizando a relação entre Washington e Islamabad. Pouco depois do ataque unilateral dos EUA à casa de Bin Laden, Afridi foi preso por conspirar contra o Estado do Paquistão.

Nos EUA e noutras nações ocidentais, Afridi é visto como um herói que ajudou a eliminar o homem mais procurado do mundo, mas o exército e chefes de espionagem paquistaneses mostraram-se indignados com o ataque, o que levantou a suspeita internacional de que o Paquistão estava a abrigar o então líder da Al Qaeda.

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A medida punitiva foi acrescentada às profundas reduções que o Comité das Dotações já tinha programado para o orçamento que o Presidente Barack Obama fez para o Paquistão no sentido de compensar a cooperação do executivo paquistanês no combate ao terrorismo. O pedido de Obama foi reduzido em 58 por cento.

A mesma comissão aprovou ainda a redução já prevista de apoios ao Afeganistão e ao Iraque. O orçamento global para a ajuda externa para o próximo ano foi cortado em mais de metade e podem surgir novas reduções para o Paquistão se Islamabad não abrir rotas de transporte terrestre para a entrada das forças da NATO (lideradas pelos EUA) no Afeganistão.

Estas rotas foram encerradas depois de, durante um ataque ao Afeganistão em novembro de 2011, coordenado pelo exército norte-americano, do lado da fronteira com o Paquistão, terem morrido 24 soldados paquistaneses.

“O tribunal vê a Al Qaeda como Paquistão”

A senadora democrata Dianne Feinstein, presidente do Comité de Inteligência do Senado, negou que Afridi fosse um espião ao serviço dos EUA e referiu que o Paquistão tem sofrido nas mãos dos terroristas e que, por isso, o Executivo tem dificuldades em compreender por que é que a condenação Afridi é uma traição das relações diplomáticas com os EUA.

“Esta condenação diz-me que a Al Qaeda é vista pelo tribunal como sendo Paquistão”, declarou Feinstein, justificando o porquê de repensar a assistência dos EUA àquele país.

Não foi iniciado qualquer processo diplomático, com republicanos e democratas a posicionarem-se na mesma perspectiva. Shakil Afridi foi preso ontem e as medidas de punição do país foram tomadas hoje.

“É arbitrário, mas a esperança é que o Paquistão perceba que estamos a falar a sério”, disse o número dois do Senado, o democrata Richard Durbin. “É ultrajante que [os paquistaneses] digam que um homem que nos ajudou a encontrar Osama bin Laden é um traidor”, acrescentou.

Lindsey Graham acusou o Paquistão de ser um “aliado esquizofrénico”, por ajudar os Estados Unidos da América ao mesmo tempo que ajuda a rede terrorista Haqqani, um grupo com estreita relação à Al Qaeda e aos talibãs, e que reivindicou autoria de vários ataques contra americanos.

O democrata Patrick Leahy afirmou que a relação diplomática entre os dois países era como “Alice no País das Maravilhas, na melhor das hipóteses. Se isto é cooperação, odiaria ver como seria a oposição.”

Condenação foi “injusta e infundada”

A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, já tinha pedido a libertação do médico paquistanês esta quinta-feira, alegando que Shakil Afridi serviu tanto os interesses norte-americanos como os paquistaneses, considerando a condenação “injusta e infundada”.

“A sua ajuda foi fundamental para derrubar um dos mais conhecidos assassinos do mundo, o que era, claramente, do interesse do Paquistão, assim como nosso e do resto do mundo”, disse Clinton aos jornalistas, acrescentando que os EUA vão continuar a pressionar Islamabad no sentido de retirar a acusação de traição.

O senador John McCain, representante republicano no comité das Forças Armadas, informou que os legisladores concordaram em reter alguma da ajuda militar para o Paquistão até que o secretário paquistanês da Defesa certifique que o país vai deixar de condenar pessoas como Afridi.

“Todos estamos indignados com a acusação e a condenação a 33 anos de prisão – praticamente uma sentença de morte – para o médico paquistanês que foi fundamental na remoção de Osama bin Laden”, disse McCain, acrescentando que Afridi era inocente de qualquer delito.

O secretário da Defesa dos Estados Unidos, Leon Panetta garantiu, em tom de ameaça política, que este tipo de ação contra alguém que ajudou na guerra contra o terrorismo era “um erro”.

in RTP

Internet é nova frente de batalha na guerra dos EUA ao terrorismo

Depois de aparecer propaganda com o propósito de recrutar apoiantes para a Al Qaeda em vários websites “tribais” iemenitas, “em 48 horas a nossa equipa estampou nos mesmos locais versões alteradas da informação, que mostram o número de ataques que a Al Qaeda assumiu contra o povo do Iémen”, explicou Hillary Clinton num discurso para o Comando de Operações Especiais, em Tampa, nos Estados Unidos da América (EUA).

Esta revelação deixa conhecer parte das atividades da guerra cibernética contra o terrorismo que os EUA têm levado a cabo, mas que a Administração raramente comenta ou discute.

A operação de pirataria foi levada a cabo pelo Centro de Comunicações Contraterroristas Estratégicas, com sede no Departamento de Estado. Constituído por um grupo de diplomatas, operadores militares especiais e analistas dos serviços secretos, este Centro patrulha a Internet e tenta “combater a propagação da ideologia islâmica radical monitorizando blogues e fóruns”, segundo informou o ex-chefe da equipa, Major David Nevers, ao Washington Post.

Segundo o oficial, a equipa concentra os esforços “naqueles que ainda não foram radicalizados”, utilizando os mesmos mecanismos de comunicação que os extremistas islâmicos. “A ideia é ir onde a conversa acontece usando os comentários e a propaganda extremista como um ponto de partida para chegar às pessoas que os estão a ouvir”.

“Podemos comprovar que os nossos esforços estão a ter impacto [no Iémen], onde, segundo o Governo norte-americano, a célula da Al Qaeda da Península Arábica (AQAP) se baseia, “porque os extremistas extravasam a sua frustração publicamente e pedem aos seus apoiantes para não acreditarem em tudo o que lêem na Internet”, disse a responsável pelas relações externas dos EUA.

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Operação inútil?

“O facto é que a Al Qaeda utiliza táticas e ideologias que são, por
natureza, excecionalmente divisionistas e controversas. Destacar isso
causa uma enorme quantidade de danos à imagem da Al Qaeda, às suas
campanhas de recrutamento e aos seus esforços para iniciar novos
ataques. No entanto, será que a divulgação desta informação em blogues e
fóruns tribais atingirá um público amplo o suficiente para fazer a
diferença? Se viver no Iémen e numa área tribal, provavelmente não
precisa de ir a um website para se juntar à Al Qaeda”.

(Evan Kohlmann, consultor em terrorismo internacional que monitoriza sites jihadistas, ao Washington Post.)

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A secretária de Estado usou esta operação de pirataria como exemplo da crescente cooperação nas missões de contraterrorismo entre o Departamento de Estado, os serviços secretos e os militares, num discurso em que defendeu a expansão da ação do exército norte-americano a áreas que costumavam ser da exclusiva responsabilidade dos diplomatas. “Juntos, eles vão trabalhar para antecipar, desacreditar e ultrapassar estrategicamente a propaganda extremista”, disse Hillary Clinton.

Garante que levar a cabo operações antiterroristas com civis e militares e expandir o alcance do seu Departamento, é utilizar “poder inteligente”, acrescentando que o país precisa de “forças de operações especiais que estejam tão confortáveis a beber chá com líderes tribais, como a invadir instalações terroristas” e de “diplomatas e especialistas em desenvolvimento que estão à altura da tarefa de serem parceiros [do Comando de Operações Especiais]”.

“Jogo de gato e rato”

O que o Departamento de Estado norte-americano está a fazer não se limita à invasão e vigia de websites suspeitos de terem ligações a movimentos terroristas. Os especialistas responsáveis por estas operações desafiam os extremistas em fóruns abertos.

“Parodiamos, criticamos e apontamos as fraquezas ao que eles fazem”, disse ao Washignton Post, sob condição de anonimato, um funcionário do grupo de trabalho do novo Centro de Comunicações Contraterroristas Estratégicas, que não estava autorizado a descrever o processo publicamente. “É um jogo de gato e rato”, acrescentou.

De acordo com o que publica o jornal, na semana passada a AQAP lançou uma série de mensagens em forma de banners e pop-ups que incidiam sobre a urgência em combater os americanos, ilustradas com caixões cobertos pela bandeira dos EUA, como se faz, tradicionalmente, quando morre um membro das tropas norte-americanas.

A equipa do Departamento de Estado respondeu ao ataque através da compra de espaço no mesmo website, colocando novas mensagens, iguais, mas com caixões de civis iemenitas.

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Relações diplomáticas entre o Iémen e os EUA

O Iémen é considerado um estudo de caso pelo Departamento de Estado dos EUA. Diplomatas norte-americanos têm trabalhado no sentido de estabilizar politicamente o novo Governo do Presidente Abed Rabbo Mansour Hadi, que substituiu o ditador iemenita deposto, Ali Abdullah Saleh.

Saleh deixou o cargo em fevereiro, como parte de um acordo mediado pelos países árabes do Golfo e apoiado pelos EUA, que visava acabar com a agitação política no país após uma revolta popular que durava há um ano. Hadi tem enfrentado grupos leais a Saleh que, inclusivamente, se recusam a abandonar o Governo e os postos militares.

A Casa Branca respondeu na semana passada emitindo uma ordem executiva em que ameaça aplicar sanções contra os indivíduos que desafiem o Governo de Hadi. Enviou também um lote de forças de operações especiais para treinar o exército do Iémen e “ajudar a suportar os ataques da Al Qaeda”.

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Al Qaeda controla parte do território do Iémen

Confrontos entre as tropas do governo iemenita e combatentes da Al Qaeda mataram na quarta-feira 33 militantes do grupo terrorista e nove soldados no sul do país, área territorial controlada pelo grupo extremista islâmico, segundo informações da agência Reuters. O combate ocorreu durante a madrugada nos arredores da cidade de Bajidar, na província de Abyan.

Segundo informa o Governo do Iémen, esta povoação foi ocupada há mais de um ano por militantes da Al Qaeda que exploravam a turbulência política durante a revolta do povo iemenita. As autoridades dizem que Zinjibar e Jaar também estão sob controlo da Al Qaeda, pelo que, segundo informaram oficiais do exército às agências noticiosas, sob anonimato, as forças militares as bombardearam esta semana.

Este conflito ocorreu poucos dias após a Al Qaeda reivindicar em comunicado o atentado da passada segunda-feira, em Sanaa, capital do Iémen, que vitimou 96 soldados e feriu outros 300. Segundo a mensagem da rede extremista, o ataque visava Mohamed Nasser Ahmed, o ministro iemenita da Defesa, e era uma resposta à ofensiva do exército contra a rede presente no sul do país.

Analistas políticos citados pelas agências noticiosas internacionais apontam este atentado como prova de que a Al Qaeda expandiu o seu raio de ação, ultrapassando a sua esfera de influências no sul do Iémen.

Até agora, de acordo com a agência France Press, morreram pelo menos 213 pessoas, incluindo 147 militantes da Al Qaeda, desde o início dos conflitos que se desencadearam no início do mês.

Amigos do Iémen doam 4 mil milhões de dólares

Ao mesmo tempo que ocorria o combate no sul do território, o grupo internacional de Amigos do Iémen reunia na Arábia Saudita, onde prometeram uma doação de 4 mil milhões de dólares (pouco mais de 3 mil milhões de euros) para ajudar na estabilização política e na recuperação da economia do país.

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Arábia Saudita doa 3,25 mil milhões de dólares

A Arábia Saudita decidiu doar 3,25 mil milhões de dólares (2,6 milhões de euros) dos 4 mil milhões prometidos.

“Asseguro, mais uma vez, o nosso apoio ao Iémen para que ultrapasse todas as fases desta iniciativa política e para ajudar a alcançar a segurança, estabilidade e prosperidade necessárias para enfrentar as ameaças de extremismo e de terrorismo”, disse, na conferência de Riade, o chanceler saudita, príncipe Saud al-Faisal.

O ministro britânico dos Negócios Estrangeiros prometeu que o Reino Unido vai entregar mais 44 milhões de dólares (35 milhões de euros) de ajuda externa ao Iémen, para além do que ficou acordado pelo grupo dos Amigos do Iémen.

Em Abril, o FMI emprestou 93,7 milhões de dólares (74,6 milhões de euros) ao Iémen.

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Representantes de várias organizações internacionais, incluindo o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, e de 27 países, entre os quais os membros do Conselho de Cooperação dos Estados Árabes do Golfo, os EUA, a UE, o Reino Unido, a Rússia e o Egito, reuniram-se em Riade, onde partilharam a preocupação com a possibilidade de o Estado do Iémen se estar a transformar numa base de trabalho para a Al Qaeda.

Segundo o último relatório do Population Reference Bureau, 47 por cento da população do Iémen vive com menos de dois dólares por dia, abaixo do limiar da pobreza, o que, segundo declarou à Reuters um grupo de sete agências de ajuda humanitária presentes na reunião na Arábia Saudita, “significa que metade da população não tem recursos suficientes para comer, sendo urgente ajudar o país para evitar uma catástrofe”.

Ao mesmo tempo, o ministro iemenita para o Planeamento e a Cooperação Internacional, Mohammed Saeed al-Saidi, explicou na conferência que o seu país precisa de um investimento inicial de 2,17 mil milhões de dólares (1,7 mil milhões de euros) para estabilizar o Governo, lutar contra ataques dos militantes extremistas e diminuir a crise humanitária em que o país se encontra.

O Iémen precisa ainda de mais 5,8 mil milhões de dólares (4,6 mil milhões de euros) para injetar na economia e investir em infraestruturas e, segundo o plano do ministro, de mais 3,7 mil milhões de dólares (2,9 mil milhões de euros) em 2014. O ministro iemenita das Finanças, Sakhr al-Wajih, prevê que o país terminará o ano com um défice de 2,5 mil milhões de dólares (2 mil milhões de euros).

in RTP

Jantar de líderes europeus com Grécia e ideias de Hollande na ementa

Esta quarta-feira, em Bruxelas, os chefes de Estado e de governo dos 27 países da União Europeia vão iniciar a discussão de soluções para impedir a Europa de entrar em auto-destruição, entre eleições, medidas de austeridade e incentivos ao emprego e ao crescimento económico.

A questão que imperará no jantar marcado para as 19h45 (18h45 em Lisboa) será, a par das consequências económicas da atual situação política na Grécia, como se produz crescimento económico na Europa, com a Alemanha a defender que esse crescimento será produto de duras reformas e medidas de austeridade e outros a dizer que tais exigências demorarão demasiado tempo a produzir resultados e que é preciso tomar decisões de incentivo imediatas, tais como aprovar aumentos salariais e a extensão do prazo para atingir os objetivos para o défice.

Fonte diplomática adiantou à Antena1, em Bruxelas, que deste jantar deverá resultar um acordo sobre o aumento do capital do Banco Europeu de Investimentos em dez mil milhões de euros e um plano de obrigações para projetos específicos. Assim, tal como fica previsto pela carta-convite endereçada na segunda-feira aos 27 chefes de Estado e de governo, a cimeira não servirá para tomar ações, mas para “preparar politicamente” o caminho para as decisões sobre o crescimento a serem tomadas na próximo Conselho Europeu oficial, que terá lugar entre os dias 27 e 29 de junho em Bruxelas.

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Convite para jantar

O presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, convocou esta reunião informal de chefes de Estado e de governo após a
eleição de François Hollande em França, a 6 de maio. Durante a
campanha eleitoral, Hollande rejeitou as medidas de austeridade
rigorosas que têm sido impostas na Zona Euro, sublinhando que adotaria
medidas de crescimento económico.

Esta terça-feira a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Económico (OCDE) advertiu que os 17 Estados-membros da Zona Euro “estão
em grande risco de cair numa grave recessão”, pedindo aos governos e
bancos centrais da Europa para agirem rapidamente, de forma a impedir
que a desaceleração da economia europeia arraste consigo a economia
global. A OCDE sugeriu, nomeadamente, novas medidas de austeridade para Portugal.

Ao mesmo tempo, a turbulência eleitoral na Grécia ameaça separar o país do bloco da moeda única. O desemprego na UE continua a aumentar e quase metade dos países da Zona Euro apresentam sinais de recessão económica.

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Portugal será representado pelo primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, que, na segunda-feira, à margem da cimeira da Nato em Chicago, disse esperar que a reunião de quarta-feira resulte num “guião mais sólido” em torno da estratégia de crescimento a ser seguida pela União Europeia.

Se até recentemente os líderes da UE eram unânimes quanto à necessidade de adotar medidas de austeridade, numa lógica provocada pelos crescentes custos associados aos empréstimos e ao mercado de obrigações e por uma falta de confiança dos investidores que justificava a importância de baixar rapidamente a necessidade de empréstimos dos governos europeus, agora enfrentam uma crise social que, sugerem cada vez mais vozes, exige medidas de aumento do investimento público, ao invés da diminuição das despesas do Estado.

Para os povos europeus, a austeridade significou desemprego, cortes, o fim de programas de ajuda social e impostos mais altos. Para os Estados refletiu-se numa desacelaração da produção e num aumento do peso da dívida. O resultado, tal como previram vários economistas, incluindo os Nobel da Economia Joseph Stiglitz e Paul Krugman, foi uma crise social e política.

Agora, economistas e políticos discutem formas de incentivar a criação de emprego e o crescimento económico das economias mais frágeis da UE.

Rompuy pede “inovação” e “controvérsia”

O problema que se coloca é descobrir de onde virá o dinheiro para impulsionar o crescimento europeu. O presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, incentivou os participantes da cimeira informal de hoje a apresentarem a discussão “ideias inovadoras, ou até mesmo controversas”, acrescentando que “nada deve ser um tabu” e que são necessárias “soluções de longo prazo”.

Os líderes pretenderão equilibrar a promoção do crescimento económico com o equilíbrio orçamental da Europa, tal como recomendaram os representantes dos países mais industrializados do mundo na reunião G8 deste fim-de-semana, numa discussão que colocou a UE no centro dos problemas da economia global.

Segundo explica a Associated Press, uma das soluções será utilizar recursos que já estão ao dispor da UE – os “fundos estruturais” -, mas que não estão a ser utilizados apesar do desespero de alguns países. Mas a emissão de títulos de dívidas europeu é vista, por muitos políticos e economistas, como um passo para a fórmula eurobonds.

Outra hipótese será aumentar o capital do Banco Europeu de Investimentos, para que possa, por sua vez, emprestar mais dinheiro às pequenas e médias empresas da Zona Euro.

A consultora e analista de economia internacional Eurasia Group garantiu, num comunicado emitido esta terça-feira, que o Banco Central Europeu, “no futuro imediato, continuará a ser a única instituição com os recursos, velocidade de ação e instrumentos políticos necessários para fortalecer aconfiança na zona da moeda única”.

Hollande leva eurobonds a discussão

A chegada ao Conselho Europeu de François Hollande desequilibra a relação franco-alemã a que o organismo estava habituado. O recém-eleito Presidente francês vai reunir-se com o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, em Paris, antes da cimeira europeia para discutir posições políticas. Em quase todas as cimeiras anteriores, nos últimos dois anos, o antecessor de Hollande, Nicolas Sarkozy, reuniu-se com a chanceler alemã, Angela Merkel, antes de apresentar estratégias aos restantes líderes europeus.

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O que são eurobonds?

Eurobonds (ou obrigações europeias de estabilidade) são títulos de dívida pública que representam todos os países da Zona Euro e cujo juro associado é uma média ponderada de cada país (o que implica a soma do nível de dívida e défices conjuntos e a respetiva divisão por todos os Estados-membros).

Os governos pedem dinheiro emprestado vendendo títulos a investidores e, em troca, prometem pagar a uma taxa fixa, em determinado prazo (por exemplo, 3 por cento por ano, durante dez anos). No fim do prazo o investidor é reembolsado do dinheiro que pagou originalmente e aquela parte da dívida pública fica cancelada. No caso das eurobonds o pagamento é garantido pelos 17 Estados-membros da Zona Euro em conjunto.

Estes títulos são tradicionalmente vistos como investimentos de longo prazo ultra-seguros e são realizados por fundos de pensão, seguradoras e bancos, bem como investidores privados.

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Hollande garantiu, em campanha, que não assinará o “pacto fiscal” proposto no último Conselho Europeu pela chanceler alemã, que obriga os países membros da Zona Euro a cumprir rigorosas metas fiscais e de défice. Como medida de incentivo ao crescimento económico, sugere a emissão de obrigações europeias.

As eurobonds, que poderiam proteger os países economicamente mais fracos, como Portugal, Espanha e Itália e Irlanda, baixando as taxas de juros que agora enfrentam no mercados de títulos (e que forçaram a Grécia, Irlanda e Portugal a pedir ajuda externa), aumentam as taxas dos países mais fortes, como a Alemanha, que continua com uma posição pouco favorável esta solução.

Ainda assim, as discussões diplomáticas mostram o início de um consenso no que toca a emitir títulos de dívida europeus, com Hollande a vencer as eleições em França depois de uma campanha que apostou fortemente nesta ideia, sendo que até a Alemanha já suavizou a sua posição, com Angela Merkel a ficar isolada na oposição a esta medida.

O comissário europeu da Energia, o alemão Günther Oettinger, aconselhou o Executivo de Merkel a não recusar radicalmente a emissão de títulos de dívida europeus. “Aconselho todos os implicados que não adotem uma posição radical e definitiva contra os títulos de dívida europeus”, disse o comissário, correligionário de Merkel na União Democrata Cristã, citado pelo diário económico “Handelsblatt”. No qual defendeu, em entrevista, que a emissão conjunta de dívida “será uma questão de tempo”.

O Parlamento Europeu apoiou uma proposta de emissão de títulos de dívida na terça-feira, com Olli Rehn, vice-presidente da Comissão Europeia, a explicar que “o principal objetivo é atrair financiamento da dívida do mercado de capitais” e a estimar que estes títulos podem levar ao desbloqueio de 4,6 mil milhões de euros para investimento em “infraestruturas e inovação.”

in RTP

Primeiro foguetão privado chega ao espaço

Três dias após o lançamento falhado, a plataforma da Flórida, nos Estados Unidos, lançou o foguetão privado após a contagem decrescente, sem problemas. Dez minutos depois, a cápsula Dragon separou-se do resto do foguetão e atingiu a órbita da Terra, devendo chegar à Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em Inglês) na próxima sexta-feira. A ancoragem será feita com o braço robótico da ISS, controlado por dois dos seis astronautas a bordo da Estação.

Começa assim a era dos voos espaciais comerciais, orientados para o lucro em vez da curiosidade científica. A SpaceX – Space Exploration Technologies Corp – faz história, ao ser a primeira empresa privada a enviar quase 500 quilos de mantimentos para a ISS, função antes cumprida apenas pelos governos.

No sábado os motores propulsores do Falcon 9 foram parados pelos computadores que abortaram automaticamente a descolagem no último segundo da contagem decrescente, devido a um problema numa das válvulas, que foi entretanto substituída.

Antes de se ancorar à Estação Espacial, a cápsula Dragon vai executar uma série de exercícios e manobras práticas de modo a garantir o seu correto e seguro funcionamento. Depois de uma semana ancorada à estação espacial, a cápsula regressará à Terra, sendo a primeira nave de carga não tripulada a poder aterrar no planeta em segurança, sendo que todas as que foram enviadas anteriormente desapareciam em chamas ao entrarem na atmosfera.

Astronautas americanos dependentes da Rússia

Depois dos cortes orçamentais no seu programa de exploração espacial, a NASA está a sondar os privados para responsabilizar uma empresa pelos lançamentos norte-americanos e assumir as viagens orbitais neste período anterior às viagens tripuladas.

Até à reforma dos vaivéns da NASA no verão de 2011, a agência espacial americana garantia a chegada de mantimentos, materiais, equipamento e até de membros da tripulação. Agora, os astronautas norte-americanos que habitam a ISS estão completamente dependentes dos foguetões russos Progress, podendo apenas virar-se para os engenhos europeus ATV ou os japoneses HTV, a menos que a SpaceX, ou um dos seus competidores, assuma essa reponsabilidade.

O objetivo, será, segundo a NASA, que uma destas companhias envie astronautas ao espaço a partir dos Estados Unidos, meta que a SpaceX conta conseguir atingir em menos de tês ou quatro anos, segundo informou a empresa à Associated Press.

Lançamento custou um milhar de milhão de dólares

Twitter de Elon Musk, dono e fundador da SpaceX.A SpaceX foi fundada há dez anos pelo bilionário Elon Musk, conhecido por ser co-fundador da PayPal e gerir a Tesla Motors, uma empresa que produz carros elétricos. Musk, de 40 anos, investiu milhões de dólares do seu próprio dinheiro na empresa e a NASA contribuiu com 381 milhões de dólares (investimento público) como capital inicial para o desenvolvimento do Falcon 9.

Como descreveu o fundador, gestor e diretor de design da SpaceX, Elon Musk, o lançamento desta manhã “foi como o Super Bowl“. Pessoas em todo o mundo – e os tripulantes da Estação Espacial – estavam de olhos postos no foguetão e acompanharam o seu lançamento. A Casa Branca emitiu imediatamente um comunicado a congratular a empresa.

Veja aqui a entrevista de Elon Musk ao 60 Minutes, sobre a corrida ao espaço.

“Senti cada gota de adrenalina do meu corpo”, disse Musk. “É obviamente um momento extremamente intenso.”

Sendo a empresa um dos principais investidores nas energias renováveis nos EUA, a cápsula será, em grande parte, alimentada por energia solar. “Nunca foram implantados painéis solares no espaço. Uma série de coisas poderia ter corrido mal”, explicou Musk.

“Havia tanta esperança depositada no lançamento do foguetão que, quando tudo funcionou, a Dragon foi enviada para o espaço e os painéis solares implantados sem problemas, as pessoas viram a sua obra operacional no espaço e sentimos todos uma alegria tremenda. Para nós, é como vencer o Super Bowl.”

Falcon 9 elevou-se a 340 quilómetros da superfície da Terra em apenas 10 minutos, a cápsula Dragon ejetou-se e abriu os seus painéis solares. As comunicações funcionam. O primeiro lançamento comercial foi bem sucedido.

‘SCOTTY’ TAMBÉM FOI PARA O ESPAÇO

A cápsula da SpaceX leva também as cinzas do ator James Doohan, ‘Scotty’ na série Star Trek, bem como as de outras 307 pessoas. Já em agosto de 2008 a empresa tinha tentado realizar o desejo de ‘Scotty’, mas a cápsula Falcon 1 explodiu após a descolagem. Esta manhã foi enviado um frasco com 7 gramas das cinzas do ator que morreu em 2005.

Cada família pagou um mínimo de 2 995 dólares (2 339 euros) para enviar os seus entes queridos para lá da atmosfera da Terra, nove minutos após o lançamento do foguetão.

Os frascos com cinzas ficam na órbita da Terra. Dez a 240 anos depois, reentram na atmosfera, vaporizando-se como uma estrela cadente.

in RTP

Os Óscares da Moda 2012

Epic fail. Os nomes que todos reconhecemos na passadeira vermelha de um evento que não nos diz nada marcaram a noite passada com espalhafato, nudez, mau gosto e desconforto (para elas e para nós…). Estou a falar da Super-gala-do-MET, em Nova Iorque, uma fonte de inspiração para meninas como eu que nunca vão ter oportunidade de envergar um vestido de gala e um penteado que custa três ordenados dos meus a fazer. Fica o top: os 4 piores, os 4 melhores e duas menções honrosas muito, muito, muito especiais.

Mary-Kate Olsen usou um “vestido” da sua própria colecção The Row. Uma tragédia.

O vestido Balenciaga da Kristen Stewart era bastante mais animado que a actriz mais enfadonha de Hollywood. Mas credo, tenham dó. E os sapatos!?

Nem mesmo a Beyonce Knowles tem direito a safar-se com um body debaixo de um vestido transparente que tem uns pintelhos de tecido a tapar o pipi e uma cauda technicolor. Nem mesmo se for Givenchy. Não, nem mesmo tu amiga.

Florence Welch (a vocalista da fantástica banda Florence And The Machine) fez o costume e apareceu mascarada de qualquer coisa, mas não sei bem o quê. Lembrei-me de suspiro, poodle, bolo de casamento, sino de igreja, árvore de Natal, mas nenhuma se aproxima do look alcançado com esta criação de Alexander McQueen. Medonho.

Debra Messing em KaufmanFranco foi a melhor surpresa da noite. Não costuma dar nas vistas e tem pouco jeitinho para desfilar entre os flashs, mas desta vez, uau! Adoro o decote em V, super fundo, super sexy.

A namoradinha de Hollywood está a conseguir entrada na maioria das listas de piores vestidas da noite da Gala MET. Eu acho que está tudo doido! O vestido Stella McCartney fica-lhe a matar! Os brilhos subtis e as costas decotadas fazem ma-ra-vi-lhas. É prender a madeixa “a la Mary” e Cameron Diaz fica perfeita.

Respect! Anna Wintour em Prada é magia na passadeira vermelha. Duas deusas da moda unidas com a quantidade certa de “ta-da”, glamour, pêlo e dourado, num vestido de acordo com as tendências do que as pessoas reais vão vestir este Verão: looks brancos integrais. Palminhas à directora da Vogue.

Não gosto nada de amarelo. Mas se pudesse ter este vestido Versace… ai! Adorava amarelo. January Jones, a estrela de Mad Man, vende o trapinho e para mim ganha o concurso da noite: estruturado, vibrante, mais uma vez de acordo com as tendências dos comuns mortais (diz que colour-block é obrigatório para este Verão), com um pouquinho de dourado e um penteado suave e discreto. Perfeita!

A primeira menção honrosa vai para a modelo Anja Rubik, para o seu trapinho e o seu date. O “vestido” de seda Anthony Vaccarello mostra-nos todos os atributos da senhora, que não teve a decência de entrar no Museu Metropolitano de Nova Iorque a usar roupa interior. A rapariga é um espectáculo, mas fotografada ao lado daquela figura de metro e meio. Ai!

Não sei qual era o objectivo de Marc Jacobs (irreverência, talvez? Originalidade ou qualquer coisa do género? Ou ser fotografado em vez das suas criações nos corpos das restantes beldades…) mas este pijama de renda da sua colecção Commes des Garcon faz-me rir com tanta vontade… Adoro o cuecão branco e os sapatos à renascimento com fivelas brilhantes. Ainda bem que há personagens destas para animar a vida das fashion victims…