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Resultados provisórios das presidenciais em Timor empurram Ramos-Horta para derrota

Estão conferidos 65,7 por cento dos votos nas presidenciais em Timor-Leste e a segunda volta parece garantida. Tomás Cabral, Diretor Nacional do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE), diz, em declarações à RTP, que Francisco Guterres Lu Olo, apoiado pela Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente (Fretilin), e Taur Matan Ruak, ex-Chefe das Forças Armadas, vão à frente na contagem. José Ramos-Horta surge apenas em terceiro lugar. Até agora nenhum candidato conseguiu mais de 50% dos votos, o que faz prever uma segunda volta já em Abril.

O atual Presidente de Timor-Leste parece ficar para trás nesta candidatura à reeleição, o que, tendo em conta a campanha eleitoral minimalista e as suas declarações à boca da urna, não surpreende. Nestas segundas eleições desde que o país conseguiu a independência há dez anos, e as primeiras totalmente organizadas pelo país, Ramos-Horta falou aos jornalistas, após exercer o direito de voto, sobre os planos para um futuro fora da presidência.

“Perder as eleições seria uma vitória, porque ganho a minha liberdade pessoal”, declarou. “Não querendo dizer que me esquivo de possíveis responsabilidades”, acrescentou o Presidente, pondo a hipótese de continuar a trabalhar ativamente na política e mencionando a possibilidade de se candidatar às legislativas.

O STAE disse, em direto na televisão pública, que Francisco Guterres Lu Olo, apoiado pelo principal partido da oposição, a Fretilin, lidera a contagem por 28,49 por cento dos votos, seguido pelo ex-chefe das Forças Armadas e líder guerrilheiro Taur Matan Ruak, apoiado pelo Conselho Nacional da Reconstrução (CNRT) de Timor Leste e pelo primeiro-ministro Xanana Gusmão, com 25,05 por cento.

Ramos-Horta, Nobel da Paz em 1996 e figura-chave na luta de Timor-Leste pela independência, conta com 18,23 por cento dos votos. Em quarto lugar surge Fernando La Sama de Araújo, atual presidente do Parlamento Nacional e líder do Partido Democrático, com 17,48 por cento dos votos. Os resultados completos deverão ser anunciados esta segunda-feira.

Os dois primeiros colocados, num grupo de 12 candidatos, vão disputar a segunda volta em meados de abril. Fiscais, observadores e público garantem a transparência da contagem de votos.

Lu Olo “contente” e “confiante” para segunda volta

“Apesar de tudo, especialmente da alta abstenção, Francisco Guterres Lu Olo está contente com o resultado, que naturalmente seria melhor se a participação fosse maior”, afirmou hoje o porta-voz da sua candidatura, José Teixeira. “Está confiante para a segunda volta”, acrescentou.

A “equipa de sucesso” por detrás do candidato que lidera a contagem de votos no dia seguinte às eleições, “já está a preparar a estratégia para assegurar a vitória”, disse José Teixeira.

Os dados provisórios do STAE indicam que já foram contados 411.632 votos e os números da abstenção ainda não foram oficialmente divulgados. Mais de 625 mil eleitores timorenses foram chamados às urnas para eleger o terceiro Presidente do país desde a restauração da independência a 20 de maio de 2002, este sábado, dia 17 de março. Até agora, 16.341 boletins de voto (2,61 por cento) foram considerados nulos e 5.989 pessoas votaram em branco (0,96 por cento).

Taur Matan Ruak diz que povo está de parabéns

“As eleições foram pacíficas, serenas, ordeiras e com um alto grau de civismo. O nosso povo está de parabéns e a comunidade internacional também”, disse Taur Matan Ruak.

Segundo o general, que falava em conferência de imprensa, qualquer que seja o resultado “é a democracia de Timor Leste que fica a ganhar”, salientando ainda que conta com os seus apoiantes para continuar o processo de aprofundamento da unidade no país.

O candidato não comentou os resultados provisórios e disse que ainda não recebeu indicações sobre quem passa à segunda volta.

“O mundo deve orgulhar-se de Timor-Leste”

Paulo Portas refere que o caso timorense prova que é possível vencer quando se luta pelas causas e pelos valores certos. “Os timorenses comemoram dez anos de independência, uma luta de enorme dignidade. É muito importante que o mundo possa orgulhar-se de um caso de sucesso na comunidade internacional”, declarou à RTP o ministro dos Negócios Estrangeiros.

“Depois de muito sofrimento, é a prova de que quando se luta pelas causas e os valores certos, pode demorar muito tempo, mas consegue-se uma vitória”, disse Paulo Portas, saudando um povo que luta pela “pluralidade e democracia.”

Recuperar a confiança na liderança e nas instituições

A eleição é vista pela comunidade internacional como um teste crucial para saber se o país mais jovem e mais pobre da Ásia pode manter a estabilidade e construir confiança para desenvolver a economia.

No fim de um mandato presidencial de cinco anos, num país que acabou de sair de uma crise política-militar, Ramos-Horta saudou o povo, que “sofreu muito e ficou muito desiludido connosco em 2006”, ano que iniciou um conflito entre elementos do exército contra discriminações no seio militar, e se expandiu para uma guerra civil centrada na capital, Díli, obrigando a uma intervenção militar de outros países.

“Contribuí com algo para recuperar a fé do povo em relação à liderança e às instituições”, acrescentou o presidente que sobreviveu a uma tentativa de assassinato em 2008.

Ramos-Horta decidiu adiar a sua declaração oficial para segunda-feira, dia em que serão declarados os resultados finais. “O Presidente da República adiou a sua declaração à Nação para segunda-feira às 11h00 locais (2h00 em Lisboa). Ocasião em que elogiará o civismo com que decorreram as eleições e comentará os resultados”, disse à agência Lusa fonte do gabinete de imprensa da Presidência timorense.

O presidente desempenha um papel apenas representativo na política, mas é vital para projetar estabilidade em Timor-Leste, que tem reservas de petróleo na zona costeira, mas enfrenta fortes dificuldades para desbloquear a sua riqueza. As reservas são objeto de uma disputa com a Woodside Petroleum, empresa de exploração da Austrália, que lidera um consórcio de desenvolvimento do projeto Greater Sunrise. A empresa australiana quer construir uma plataforma flutuante e Timor-Leste insiste numa central construída na costa, que crie mais postos de trabalho para o povo timorense.

in RTP

Votar é sexy

Não sei se será a estratégia certa (é certamente discutível), mas a opção publicitária do partido de Vladimir Putin parece servir a muita gente. “Votar é sexy. Venha às urnas no dia 4 de Dezembro.”