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Internet é nova frente de batalha na guerra dos EUA ao terrorismo

Depois de aparecer propaganda com o propósito de recrutar apoiantes para a Al Qaeda em vários websites “tribais” iemenitas, “em 48 horas a nossa equipa estampou nos mesmos locais versões alteradas da informação, que mostram o número de ataques que a Al Qaeda assumiu contra o povo do Iémen”, explicou Hillary Clinton num discurso para o Comando de Operações Especiais, em Tampa, nos Estados Unidos da América (EUA).

Esta revelação deixa conhecer parte das atividades da guerra cibernética contra o terrorismo que os EUA têm levado a cabo, mas que a Administração raramente comenta ou discute.

A operação de pirataria foi levada a cabo pelo Centro de Comunicações Contraterroristas Estratégicas, com sede no Departamento de Estado. Constituído por um grupo de diplomatas, operadores militares especiais e analistas dos serviços secretos, este Centro patrulha a Internet e tenta “combater a propagação da ideologia islâmica radical monitorizando blogues e fóruns”, segundo informou o ex-chefe da equipa, Major David Nevers, ao Washington Post.

Segundo o oficial, a equipa concentra os esforços “naqueles que ainda não foram radicalizados”, utilizando os mesmos mecanismos de comunicação que os extremistas islâmicos. “A ideia é ir onde a conversa acontece usando os comentários e a propaganda extremista como um ponto de partida para chegar às pessoas que os estão a ouvir”.

“Podemos comprovar que os nossos esforços estão a ter impacto [no Iémen], onde, segundo o Governo norte-americano, a célula da Al Qaeda da Península Arábica (AQAP) se baseia, “porque os extremistas extravasam a sua frustração publicamente e pedem aos seus apoiantes para não acreditarem em tudo o que lêem na Internet”, disse a responsável pelas relações externas dos EUA.

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Operação inútil?

“O facto é que a Al Qaeda utiliza táticas e ideologias que são, por
natureza, excecionalmente divisionistas e controversas. Destacar isso
causa uma enorme quantidade de danos à imagem da Al Qaeda, às suas
campanhas de recrutamento e aos seus esforços para iniciar novos
ataques. No entanto, será que a divulgação desta informação em blogues e
fóruns tribais atingirá um público amplo o suficiente para fazer a
diferença? Se viver no Iémen e numa área tribal, provavelmente não
precisa de ir a um website para se juntar à Al Qaeda”.

(Evan Kohlmann, consultor em terrorismo internacional que monitoriza sites jihadistas, ao Washington Post.)

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A secretária de Estado usou esta operação de pirataria como exemplo da crescente cooperação nas missões de contraterrorismo entre o Departamento de Estado, os serviços secretos e os militares, num discurso em que defendeu a expansão da ação do exército norte-americano a áreas que costumavam ser da exclusiva responsabilidade dos diplomatas. “Juntos, eles vão trabalhar para antecipar, desacreditar e ultrapassar estrategicamente a propaganda extremista”, disse Hillary Clinton.

Garante que levar a cabo operações antiterroristas com civis e militares e expandir o alcance do seu Departamento, é utilizar “poder inteligente”, acrescentando que o país precisa de “forças de operações especiais que estejam tão confortáveis a beber chá com líderes tribais, como a invadir instalações terroristas” e de “diplomatas e especialistas em desenvolvimento que estão à altura da tarefa de serem parceiros [do Comando de Operações Especiais]”.

“Jogo de gato e rato”

O que o Departamento de Estado norte-americano está a fazer não se limita à invasão e vigia de websites suspeitos de terem ligações a movimentos terroristas. Os especialistas responsáveis por estas operações desafiam os extremistas em fóruns abertos.

“Parodiamos, criticamos e apontamos as fraquezas ao que eles fazem”, disse ao Washignton Post, sob condição de anonimato, um funcionário do grupo de trabalho do novo Centro de Comunicações Contraterroristas Estratégicas, que não estava autorizado a descrever o processo publicamente. “É um jogo de gato e rato”, acrescentou.

De acordo com o que publica o jornal, na semana passada a AQAP lançou uma série de mensagens em forma de banners e pop-ups que incidiam sobre a urgência em combater os americanos, ilustradas com caixões cobertos pela bandeira dos EUA, como se faz, tradicionalmente, quando morre um membro das tropas norte-americanas.

A equipa do Departamento de Estado respondeu ao ataque através da compra de espaço no mesmo website, colocando novas mensagens, iguais, mas com caixões de civis iemenitas.

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Relações diplomáticas entre o Iémen e os EUA

O Iémen é considerado um estudo de caso pelo Departamento de Estado dos EUA. Diplomatas norte-americanos têm trabalhado no sentido de estabilizar politicamente o novo Governo do Presidente Abed Rabbo Mansour Hadi, que substituiu o ditador iemenita deposto, Ali Abdullah Saleh.

Saleh deixou o cargo em fevereiro, como parte de um acordo mediado pelos países árabes do Golfo e apoiado pelos EUA, que visava acabar com a agitação política no país após uma revolta popular que durava há um ano. Hadi tem enfrentado grupos leais a Saleh que, inclusivamente, se recusam a abandonar o Governo e os postos militares.

A Casa Branca respondeu na semana passada emitindo uma ordem executiva em que ameaça aplicar sanções contra os indivíduos que desafiem o Governo de Hadi. Enviou também um lote de forças de operações especiais para treinar o exército do Iémen e “ajudar a suportar os ataques da Al Qaeda”.

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Al Qaeda controla parte do território do Iémen

Confrontos entre as tropas do governo iemenita e combatentes da Al Qaeda mataram na quarta-feira 33 militantes do grupo terrorista e nove soldados no sul do país, área territorial controlada pelo grupo extremista islâmico, segundo informações da agência Reuters. O combate ocorreu durante a madrugada nos arredores da cidade de Bajidar, na província de Abyan.

Segundo informa o Governo do Iémen, esta povoação foi ocupada há mais de um ano por militantes da Al Qaeda que exploravam a turbulência política durante a revolta do povo iemenita. As autoridades dizem que Zinjibar e Jaar também estão sob controlo da Al Qaeda, pelo que, segundo informaram oficiais do exército às agências noticiosas, sob anonimato, as forças militares as bombardearam esta semana.

Este conflito ocorreu poucos dias após a Al Qaeda reivindicar em comunicado o atentado da passada segunda-feira, em Sanaa, capital do Iémen, que vitimou 96 soldados e feriu outros 300. Segundo a mensagem da rede extremista, o ataque visava Mohamed Nasser Ahmed, o ministro iemenita da Defesa, e era uma resposta à ofensiva do exército contra a rede presente no sul do país.

Analistas políticos citados pelas agências noticiosas internacionais apontam este atentado como prova de que a Al Qaeda expandiu o seu raio de ação, ultrapassando a sua esfera de influências no sul do Iémen.

Até agora, de acordo com a agência France Press, morreram pelo menos 213 pessoas, incluindo 147 militantes da Al Qaeda, desde o início dos conflitos que se desencadearam no início do mês.

Amigos do Iémen doam 4 mil milhões de dólares

Ao mesmo tempo que ocorria o combate no sul do território, o grupo internacional de Amigos do Iémen reunia na Arábia Saudita, onde prometeram uma doação de 4 mil milhões de dólares (pouco mais de 3 mil milhões de euros) para ajudar na estabilização política e na recuperação da economia do país.

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Arábia Saudita doa 3,25 mil milhões de dólares

A Arábia Saudita decidiu doar 3,25 mil milhões de dólares (2,6 milhões de euros) dos 4 mil milhões prometidos.

“Asseguro, mais uma vez, o nosso apoio ao Iémen para que ultrapasse todas as fases desta iniciativa política e para ajudar a alcançar a segurança, estabilidade e prosperidade necessárias para enfrentar as ameaças de extremismo e de terrorismo”, disse, na conferência de Riade, o chanceler saudita, príncipe Saud al-Faisal.

O ministro britânico dos Negócios Estrangeiros prometeu que o Reino Unido vai entregar mais 44 milhões de dólares (35 milhões de euros) de ajuda externa ao Iémen, para além do que ficou acordado pelo grupo dos Amigos do Iémen.

Em Abril, o FMI emprestou 93,7 milhões de dólares (74,6 milhões de euros) ao Iémen.

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Representantes de várias organizações internacionais, incluindo o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, e de 27 países, entre os quais os membros do Conselho de Cooperação dos Estados Árabes do Golfo, os EUA, a UE, o Reino Unido, a Rússia e o Egito, reuniram-se em Riade, onde partilharam a preocupação com a possibilidade de o Estado do Iémen se estar a transformar numa base de trabalho para a Al Qaeda.

Segundo o último relatório do Population Reference Bureau, 47 por cento da população do Iémen vive com menos de dois dólares por dia, abaixo do limiar da pobreza, o que, segundo declarou à Reuters um grupo de sete agências de ajuda humanitária presentes na reunião na Arábia Saudita, “significa que metade da população não tem recursos suficientes para comer, sendo urgente ajudar o país para evitar uma catástrofe”.

Ao mesmo tempo, o ministro iemenita para o Planeamento e a Cooperação Internacional, Mohammed Saeed al-Saidi, explicou na conferência que o seu país precisa de um investimento inicial de 2,17 mil milhões de dólares (1,7 mil milhões de euros) para estabilizar o Governo, lutar contra ataques dos militantes extremistas e diminuir a crise humanitária em que o país se encontra.

O Iémen precisa ainda de mais 5,8 mil milhões de dólares (4,6 mil milhões de euros) para injetar na economia e investir em infraestruturas e, segundo o plano do ministro, de mais 3,7 mil milhões de dólares (2,9 mil milhões de euros) em 2014. O ministro iemenita das Finanças, Sakhr al-Wajih, prevê que o país terminará o ano com um défice de 2,5 mil milhões de dólares (2 mil milhões de euros).

in RTP

Jantar de líderes europeus com Grécia e ideias de Hollande na ementa

Esta quarta-feira, em Bruxelas, os chefes de Estado e de governo dos 27 países da União Europeia vão iniciar a discussão de soluções para impedir a Europa de entrar em auto-destruição, entre eleições, medidas de austeridade e incentivos ao emprego e ao crescimento económico.

A questão que imperará no jantar marcado para as 19h45 (18h45 em Lisboa) será, a par das consequências económicas da atual situação política na Grécia, como se produz crescimento económico na Europa, com a Alemanha a defender que esse crescimento será produto de duras reformas e medidas de austeridade e outros a dizer que tais exigências demorarão demasiado tempo a produzir resultados e que é preciso tomar decisões de incentivo imediatas, tais como aprovar aumentos salariais e a extensão do prazo para atingir os objetivos para o défice.

Fonte diplomática adiantou à Antena1, em Bruxelas, que deste jantar deverá resultar um acordo sobre o aumento do capital do Banco Europeu de Investimentos em dez mil milhões de euros e um plano de obrigações para projetos específicos. Assim, tal como fica previsto pela carta-convite endereçada na segunda-feira aos 27 chefes de Estado e de governo, a cimeira não servirá para tomar ações, mas para “preparar politicamente” o caminho para as decisões sobre o crescimento a serem tomadas na próximo Conselho Europeu oficial, que terá lugar entre os dias 27 e 29 de junho em Bruxelas.

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Convite para jantar

O presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, convocou esta reunião informal de chefes de Estado e de governo após a
eleição de François Hollande em França, a 6 de maio. Durante a
campanha eleitoral, Hollande rejeitou as medidas de austeridade
rigorosas que têm sido impostas na Zona Euro, sublinhando que adotaria
medidas de crescimento económico.

Esta terça-feira a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Económico (OCDE) advertiu que os 17 Estados-membros da Zona Euro “estão
em grande risco de cair numa grave recessão”, pedindo aos governos e
bancos centrais da Europa para agirem rapidamente, de forma a impedir
que a desaceleração da economia europeia arraste consigo a economia
global. A OCDE sugeriu, nomeadamente, novas medidas de austeridade para Portugal.

Ao mesmo tempo, a turbulência eleitoral na Grécia ameaça separar o país do bloco da moeda única. O desemprego na UE continua a aumentar e quase metade dos países da Zona Euro apresentam sinais de recessão económica.

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Portugal será representado pelo primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, que, na segunda-feira, à margem da cimeira da Nato em Chicago, disse esperar que a reunião de quarta-feira resulte num “guião mais sólido” em torno da estratégia de crescimento a ser seguida pela União Europeia.

Se até recentemente os líderes da UE eram unânimes quanto à necessidade de adotar medidas de austeridade, numa lógica provocada pelos crescentes custos associados aos empréstimos e ao mercado de obrigações e por uma falta de confiança dos investidores que justificava a importância de baixar rapidamente a necessidade de empréstimos dos governos europeus, agora enfrentam uma crise social que, sugerem cada vez mais vozes, exige medidas de aumento do investimento público, ao invés da diminuição das despesas do Estado.

Para os povos europeus, a austeridade significou desemprego, cortes, o fim de programas de ajuda social e impostos mais altos. Para os Estados refletiu-se numa desacelaração da produção e num aumento do peso da dívida. O resultado, tal como previram vários economistas, incluindo os Nobel da Economia Joseph Stiglitz e Paul Krugman, foi uma crise social e política.

Agora, economistas e políticos discutem formas de incentivar a criação de emprego e o crescimento económico das economias mais frágeis da UE.

Rompuy pede “inovação” e “controvérsia”

O problema que se coloca é descobrir de onde virá o dinheiro para impulsionar o crescimento europeu. O presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, incentivou os participantes da cimeira informal de hoje a apresentarem a discussão “ideias inovadoras, ou até mesmo controversas”, acrescentando que “nada deve ser um tabu” e que são necessárias “soluções de longo prazo”.

Os líderes pretenderão equilibrar a promoção do crescimento económico com o equilíbrio orçamental da Europa, tal como recomendaram os representantes dos países mais industrializados do mundo na reunião G8 deste fim-de-semana, numa discussão que colocou a UE no centro dos problemas da economia global.

Segundo explica a Associated Press, uma das soluções será utilizar recursos que já estão ao dispor da UE – os “fundos estruturais” -, mas que não estão a ser utilizados apesar do desespero de alguns países. Mas a emissão de títulos de dívidas europeu é vista, por muitos políticos e economistas, como um passo para a fórmula eurobonds.

Outra hipótese será aumentar o capital do Banco Europeu de Investimentos, para que possa, por sua vez, emprestar mais dinheiro às pequenas e médias empresas da Zona Euro.

A consultora e analista de economia internacional Eurasia Group garantiu, num comunicado emitido esta terça-feira, que o Banco Central Europeu, “no futuro imediato, continuará a ser a única instituição com os recursos, velocidade de ação e instrumentos políticos necessários para fortalecer aconfiança na zona da moeda única”.

Hollande leva eurobonds a discussão

A chegada ao Conselho Europeu de François Hollande desequilibra a relação franco-alemã a que o organismo estava habituado. O recém-eleito Presidente francês vai reunir-se com o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, em Paris, antes da cimeira europeia para discutir posições políticas. Em quase todas as cimeiras anteriores, nos últimos dois anos, o antecessor de Hollande, Nicolas Sarkozy, reuniu-se com a chanceler alemã, Angela Merkel, antes de apresentar estratégias aos restantes líderes europeus.

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O que são eurobonds?

Eurobonds (ou obrigações europeias de estabilidade) são títulos de dívida pública que representam todos os países da Zona Euro e cujo juro associado é uma média ponderada de cada país (o que implica a soma do nível de dívida e défices conjuntos e a respetiva divisão por todos os Estados-membros).

Os governos pedem dinheiro emprestado vendendo títulos a investidores e, em troca, prometem pagar a uma taxa fixa, em determinado prazo (por exemplo, 3 por cento por ano, durante dez anos). No fim do prazo o investidor é reembolsado do dinheiro que pagou originalmente e aquela parte da dívida pública fica cancelada. No caso das eurobonds o pagamento é garantido pelos 17 Estados-membros da Zona Euro em conjunto.

Estes títulos são tradicionalmente vistos como investimentos de longo prazo ultra-seguros e são realizados por fundos de pensão, seguradoras e bancos, bem como investidores privados.

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Hollande garantiu, em campanha, que não assinará o “pacto fiscal” proposto no último Conselho Europeu pela chanceler alemã, que obriga os países membros da Zona Euro a cumprir rigorosas metas fiscais e de défice. Como medida de incentivo ao crescimento económico, sugere a emissão de obrigações europeias.

As eurobonds, que poderiam proteger os países economicamente mais fracos, como Portugal, Espanha e Itália e Irlanda, baixando as taxas de juros que agora enfrentam no mercados de títulos (e que forçaram a Grécia, Irlanda e Portugal a pedir ajuda externa), aumentam as taxas dos países mais fortes, como a Alemanha, que continua com uma posição pouco favorável esta solução.

Ainda assim, as discussões diplomáticas mostram o início de um consenso no que toca a emitir títulos de dívida europeus, com Hollande a vencer as eleições em França depois de uma campanha que apostou fortemente nesta ideia, sendo que até a Alemanha já suavizou a sua posição, com Angela Merkel a ficar isolada na oposição a esta medida.

O comissário europeu da Energia, o alemão Günther Oettinger, aconselhou o Executivo de Merkel a não recusar radicalmente a emissão de títulos de dívida europeus. “Aconselho todos os implicados que não adotem uma posição radical e definitiva contra os títulos de dívida europeus”, disse o comissário, correligionário de Merkel na União Democrata Cristã, citado pelo diário económico “Handelsblatt”. No qual defendeu, em entrevista, que a emissão conjunta de dívida “será uma questão de tempo”.

O Parlamento Europeu apoiou uma proposta de emissão de títulos de dívida na terça-feira, com Olli Rehn, vice-presidente da Comissão Europeia, a explicar que “o principal objetivo é atrair financiamento da dívida do mercado de capitais” e a estimar que estes títulos podem levar ao desbloqueio de 4,6 mil milhões de euros para investimento em “infraestruturas e inovação.”

in RTP

Irão anuncia nova fábrica de enriquecimento de urânio

O Irão começou a enriquecer urânio num novo local subterrâneo protegido de quaisquer possíveis ataques aéreos, segundo noticiou este domingo um dos principais jornais do regime, citado pela Associated Press. Ao mesmo tempo, o vice-comandante da Guarda Revolucionária, Ali Ashraf Nouri, garante que as mais altas autoridades daquele país pretendem fechar o Estreito de Ormuz se a exportação de petróleo iraniano for bloqueada. Panetta garante que se o Estreito for fechado os EUA vão “responder”.

Reator nuclear de Teerão, capital do Irão, alegadamente usado apenas para investigação cientifica

Teerão garante que o objectivo da fábrica de enriquecimento de urânio é apenas a produção de energia para uso civil e público, mas os Estados Unidos da América (EUA) e Israel suspeitam que a fábrica subterrânea, no interior de uma montanha, pode vir, no futuro, a produzir armamento nuclear. Há meses que o Irão diz estar a preparar estas instalações para gerar energia.

O Irão tem uma instalação de enriquecimento de urânio em Natanz, no centro do país, onde estão em funcionamento mais de oito mil centrifugadoras desde abril de 2006 e outras, consideradas mais eficazes, em Fordo, as quais o país só deu a conhecer em setembro de 2009.

A nova fábrica estará enterrada a 90 metros da superfície de rocha e será constituída por um túnel reforçado protegido por mísseis de defesa anti-aérea e forças da Guarda Revolucionária, a força militar amis poderosa do Irão. Será localizado a cerca de 20 quilómetros ao Norte de Qom, cidade que representa o centro do sistema religioso que controla o poder político do país.

 “As instalações de Fordo, como Natanz, foram projetadas e construídas no subsolo. O inimigo não terá a capacidade de danificá-lo “, citou este domingo a agência de notícias semi-oficial Mehr.

O anúncio surgiu depois de outro jornal do regime ter citado um comandante sénior da Guarda Revolucionária do país a afirmar que o governo de Teerão decidiu ordenar o encerramento do estratégico Estreito de Ormuz caso as exportações de petróleo do país sejam bloqueadas pela União Europeia, numa tentativa de fazer Teerão desisitr do programa nuclear.

Governo garante que reatores são usados apenas para investigação e produção de energia

O jornal diário Kayhan, com ligações ao clérigo do Irão, noticiou que Teerão teria começado a injetar gás de urânio em centrifugadoras sofisticadas nas instalações de Fordo, perto da cidade sagrada de Qom.

Na primeira página do periódico iraniano, dirigido por um dos representantes do Líder Supremo Ayatollah Ali Khamenei, vinham mesmo as palavras “recebemos informações de que os trabalhos começaram como resposta às ameaças dos inimigos estrangeiros”.

O Irão está sob sanções da ONU por se recusar a interromper o enriquecimento de urânio – que pode produzir combustível nuclear e material cindível para ogivas – e outras atividades suspeitas temidas pela comunidade internacional por poderem ser sinais de fabricação de armas atómicas.

Há dois dias, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, apelou à calma nas relações entre o Irão e o Ocidente, mas sublinhou que Teerão tem de provar que o programa nuclear tem fins pacíficos.

O Khorasan citou ainda o vice-comandante da Guarda Revolucionária, Ali
Ashraf Nouri, a afirmar que a decisão estratégica de fechar o Estreito de
Ormuz foi feita pelas mais altas autoridades do Irão. “As autoridades supremas insitem que se os inimigos bloquearem a exportação do petróleo iraniano, não permitiremos que uma gota de petróleo passe pelo Estreito de Ormuz”, disse Nouri.

Panetta garante que EUA vão “responder” se o Estreito for fechado

Os Estados Unidos da América vão responder se o Irão tentar fechar estrategicamente o Estreito de Ormuz, garantiu Leon Panetta, Secretário da Defesa dos EUA, à cadeia televisiva norte-americana CBS, explicando que tal medida seria “cruzar uma linha vermelha” nas relações entres os dois países.

“Deixamos claro que os Estados Unidos não vão tolerar o bloqueio do Estreito de Ormuz”, disse Panetta, acrescentando que, caso aconteça, “nós vamos responder-lhes”.

Um sexto de petróleo do mundo segue para o mercado Ocidental através do Estreito de Ormuz, na foz do Golfo Pérsico. Os EUA recentemente promulgaram no último dia de 2011 novas sanções ao Banco Central do Irão como resposta ao programa nuclear de Teerão.

EUA adverte América Latina sobre a visita de Ahmadinejad à região

O anúncio coincide ainda com uma viagem de 5 dias do presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, à América Latina, onde vai passar pela Venezuela, Nicaragua, Cuba e Equador, uma viagem considerada pelos EUA como uma busca “desesperada” de apoios de um regime “isolado”. A Casa Branca avisou a região sobre os riscos financeiros de negociar com o Irão.

Mahmoud Ahmadinejad na visita oficial à Turquia

O governo de Barack Obama relembrou a nova lei de financiamento do Pentágono promulgada pelo presidente americano a 31 de dezembro e que, pela primeira vez, contempla sanções contra qualquer instituição estrangeira que negoceie com o Banco Central do Irão.

 Washington pede aos governos internacionais que recebam Ahmadineyad que o convidem a sair do “isolamento internacional” e a “cooperar” para escapar ao cerco financeiro imposto pelos Estados Unidos e União Europeia. 

in RTP

LUGARES

Governo russo censura televisão por fusos horários

As reportagens emitidas no oriente da Rússia não chegam a passar no ocidente quando são consideradas “inapropriadas” pelo poder político, relata a Associated Press. Os internautas têm conseguido, nas últimas semanas, contrariar esta censura, que antecede as eleições parlamentares de domingo e as presidenciais de março.

Numa recente noite de domingo, segundo reporta a Associated Press, os telespectadores das regiões do este da Rússia assistiram ao relato de um jovem checheno com o nariz tapado por uma compressa sangrenta sobre os detalhes da tortura que sofreu pela polícia especial chechena. Mas os espectadores do oeste da Rússia nunca chegaram a ouvir esta história, pois sete ou oito horas mais tarde, quando ligaram as televisões para ouvir o noticiário, essa reportagem tinha sido substituída por 10 minutos de publicidade.

Segundo reporta a Associated Press, a censura por diferentes fusos horários tornou-se uma prática estabelecida nas redes nacionais de televisão da Rússia que, sob o líder Vladimir Putin, foram colocadas sob o controlo do Kremlin. Programas controversos ou sensíveis são mostrados na íntegra ao público no Extremo Oriente, na Sibéria e nos Urais, mas muitas vezes são editados – ou mesmo cancelados – antes que cheguem aos espectadores das regiões ocidentais da Rússia, onde vive 70 por cento da população daquele país.

Os jornalistas que fizeram a reportagem sabiam o que estavam a arriscar, tendo avisado as suas fontes que a peça jamais chegaria ao oeste do país e que podia nem ser posta no ar, segundo relata a AP. A solução tem passado pela internet. Os autores desta reportagem em particular, assim que se aperceberam que tinha sido retirada do alinhamento, colocaram-na no YouTube onde foi vista por mais de 500 mil russos.

Censura aumenta visualizações das reportagens proibidas

“Presumo que, depois disto, mais pessoas tenham assistido à reportagem do que se tivesse ido para o ar normalmente” disse Tatyana Lokshina, investigadora da Human Rights Watch, à AP. Lokshina explica que a importância dada pelos jornais russos e alguns internacionais à reportagem faz com que seja pouco provável que o incidente tenha passado despercebido pelo Kremlin.

“Os censores do Kremlin estão a tornar-se mais e mais conscientes do potencial de escândalo que vem dos media online, das redes sociais e dos blogs, e como se pode transformar uma decisão drástica, de matar uma história sensível, em consequências políticas sérias”, acrescentou. Desde o início de novembro, pelo menos três fóruns na Internet russa foram fechados ou suspensos e o LiveJournal, um site de blogs que hospeda boa parte do debate político na Rússia, tem sido alvo de repetidos ataques com enxurradas de mensagens de lixo electrónico.

Bloggers da zona oriental publicam os programas gravados na internet e partilham-nos nas redes sociais, provocando grandes discussões dominadas pelo crescente número de internautas descontentes com o governo de Putin.

A percentagem de russos com acesso à internet continua muito baixa em relação à média europeia, mas tem vindo a crescer exponencialmente e a informação trocada online tem ganho espaço na opinião pública. Segundo um estudo nacional recente, citado pelo Moscow Times, 51 milhões de russos têm acesso à internet e um quarto dos inquiridos afirmaram ser o meio favorito e mais comum para aceder às notícias.

Ainda assim interessa saber que 80 por cento dos russos ainda depende da televisão como principal fonte de notícias, o que explica a relutância do Kremlin em facilitar a emissão de determinadas peças informativas.

Kremlin teme perda de maioria de dois terços no parlamento

Uma série de incidentes ocorridos esta semana levou os observadores políticos a acreditar que o Kremlin temerá pela popularidade dos líderes do país, que se manifesta em resultados cada vez mais baixos nas sondagens para o partido Rússia Unida. Isto pode refletir-se na perda de uma maioria de dois terços no parlamento para uma mera maioria simples.

Os Repórteres Sem Fronteiras publicaram, esta quinta-feira, uma lista de recentes violações da liberdade de informação na Rússia. O grupo “condena firmemente a avalanche de medidas de censura arbitrária que as autoridades federais e locais da Rússia têm vindo a adoptar antes das eleições parlamentares de 4 de dezembro e as eleições presidenciais marcadas para 04 de março”, lê-se no site oficial da organização. Os Repórteres Sem Fronteiras acusam ainda o governo daquele país de utilizar métodos que “reforçam o poder de Vladimir Putin” e que promovem a “aclamação unânime” da sua decisão de se recandidatar à presidência da Rússia.

O exemplo mais notável, dos casos de censura denunciados pelo grupo, é a repressão da Golos, o único observador independente das eleições do país, que se tornou o alvo de uma campanha orquestrada por parte das autoridades e de certos meios de comunicação social esta semana, que antecede as eleições parlamentares de domingo, 4 de dezembro. Esta noite, sexta-feira, o canal de televisão Gazprom, emitirá uma peça de 30 minutos de investigação sobre a Golos, questionando a objetividade da organização por ser, alegadamente, financiada por subvenções dos EUA.

Na quarta-feira, um editor da Gazeta.ru demitiu-se depois de os donos do jornal online líder do país terem retirado um link publicado na sua página, que apontava para um mapa interativo com todas as violações às eleições construído com dados da Golos. O editor, Roman Badanin, queixou-se que os proprietários teriam removido o link e afirmado estarem descontentes com a cobertura da eleição por ele supervisionada. Os Repórteres Sem Fronteiras citam ainda dois casos de outros dois jornalistas que se demitiram em protesto contra a censura.

Sejam ou não verdadeiros, estes casos e outros levaram o Rússia Unida a admitir abertamente que estão a perder a posição a que foram habituados na opinião pública. Sergei Markov, um dos políticos do grupo, disse mesmo que “o Kremlin está está a perder o controlo sobre os media”, cita o Moscow Times.

“Os media de qualidade do país desertaram para a oposição”, disse, argumentando que as opiniões da oposição dominam a maior parte das estações de rádio e jornais da capital. “Komsomolskaya Pravda e Izvestia são os únicos que mantêm um equilíbrio”, acrescentou ainda.

in RTP

LUGARES

Seis anos a relatar a II Guerra Mundial pelo Twitter

Um historiador formado em Oxford está desde dia 31 de agosto a relatar os acontecimentos diários de 1939 relacionados com a II Guerra Mundial, através de testemunhos de sobreviventes e documentos históricos, respeitando a ordem cronológica dos eventos. O objectivo é contar a história da vida quotidiana, tal como ocorreu há 72 anos, num projecto que durará seis anos, até chegar o fim da guerra.

Hitler ordena o avanço dos seus generais para Oeste até 12 de Novembro. Da esquerda para a direita: Brauchitsch, Hitler, Halder. Publicado @RealTimeWWII.

Se for à conta do Twitter @RealTimeWWII encontra um registo histórico, de cerca de 40 tweets por dia e mais de 110 mil atentos seguidores, que relata, como se ocorressem em direto, os acontecimentos diários durante o período da Segunda Guerra Mundial. A história está a ser contada por Alwyn Collinson, um historiador de 24 anos, formado em Oxford, desde dia 31 de agosto e o perfil da conta avisa: “Estamos em 1939”.

“Estou a tentar ajudar as pessoas a sentirem a guerra como se tivessem estado lá”, diz Alwyn Collinson ao jornal britânico Telegraph. O relato descreve acontecimentos diários, desde grandes desenvolvimentos políticos e militares, a testemunhos oculares do que se passou no campo de batalha e nas principais cidades da Europa Central, acompanhado por fotografias, recortes e capas de jornais e revistas e peças de noticiários em vídeo.

“Espero que usando o Twitter ajude os meus seguidores a ver que as pessoas de então são exatamente iguais a eles”, diz o historiador à BBC. E, de facto, as opiniões relatadas pelo grupo britânico, dizem que ter os acontecimentos contados por pessoas que realmente os viveram os ajuda a compreender o que se passou.

O jovem pretende transmitir informações, opiniões e imagens da guerra durante seis anos, tempo que durou o conflito mundial, entre 1939 e 1945, incluindo a história da captura do seu avô materno pelos japoneses durante a queda de Singapura em fevereiro de 1942, segundo relata o Telegraph. “Não estou ansioso para fazer esse bocado”, disse ele. “Eu sei que o afetou para o resto da vida.”

A derrota de Varsóvia

O dia mais movimentado até agora foi o 26 de setembro, quando a Wehrmacht, a força militar da Alemanha, levou a cabo o seu ataque final à capital da Polónia, Varsóvia. Alwyn Collinson descreveu a batalha explicando não só os eventos políticos e acontecimentos bélicos, mas também ilustrando o dia com relatos de testemunhas civis da cidade e militares polacos.

Alguns tweets são comoventes, como o relato de uma enfermeira que descreve o fluxo de feridos e as pessoas a morrer nos corredores por não haver espaço nas enfermarias nem pessoas para as tratar. O tweet, que só pode ter um máximo de 140 caracteres, é atribuído a Jadwiga Sosnkowska, uma enfermeira sobrevivente, e dizia: “O fluxo de feridos é incessante. Deixámos muitos a morrer no corredor – não há espaço nas enfermarias”.

“O volume de tweets é definitivamente impulsionado por eventos”, esclarece o jovem historiador. O número de seguidores mais do que dobrou na semana que antecedeu o Dia dos Veteranos.

Tweets em Português

“Estou a alimentar a página por conta própria por enquanto, mas já existem voluntários a traduzir os tweets para Espanhol, Português e Russo”, diz Alwyn Collinson. Pode aceder à página que traduz o relato para Português com a conta @TempoReal_IIGM, que apenas começou a tradução no passado dia sete de novembro e que tem, por enquanto, apenas 12 seguidores.

A página traduzida para Russo chama-se @war_only, iniciou a tradução há um mês, e já conta com 361 seguidores. A página traduzida para Espanhol, @TiempoReal_IIGM, nasceu no Perú, tem 1924 seguidores e perdeu menos de 200 dos tweets iniciais da página original, que conta, na altura em que este artigo foi publicado, com 874 posts.

Por enquanto, os eventos narrados nas quatro línguas são de 1939, ano que a guerra iniciou. O projeto encerrará em setembro de 2016, altura em que os relatos serão referentes ao fim da Segunda Guerra Mundial, em setembro de 1945.

in RTP

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